quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Greves de aviso" na Alemanha: cá como lá, a mesma luta

Visto de fora e comparado com outros países europeus, podia até parecer que a Alemanha é um oásis para os trabalhadores. Mas não é. Artigo de José Carlos Duarte.
Foto der_dennis/Flickr
Julgo que a visão que os Portugueses têm da Alemanha não será bem a da realidade, levando alguns a deixar tudo e a vir à procura do que não conseguem em Portugal e acabam, infelizmente, umas vezes enganados por indivíduos sem escrúpulos e outras vezes as condições de trabalho que encontram são mais difíceis do que pensavam.
Visto de fora e comparado com outros países europeus, podia até parecer que a Alemanha é um oásis para os trabalhadores. Mas não é.
Uma economia com oitenta milhões de habitantes, forte exportadora resultado de condições históricas e do controlo das Instituições Europeias que condicionaram e sufocaram os países periféricos, que detém ainda o controlo político do BCE, esta economia desde a Segunda Grande Guerra tem beneficiado e explorado a mão-de-obra estrangeira barata e que após o fim da RDA beneficiou também da migração incessante de cidadãos do Leste, deixado ao abandono, para o Oeste que, foram ocupando os lugares intermédios a “baixo custo”. Esta economia beneficia de um sistema de Formação Profissional quase obrigatório para jovens, que durante três anos trabalham por um quarto do ordenado legal, e no final nem direito têm a continuar na empresa formadora mas sendo sim obrigados a iniciar novo Contrato de Trabalho a prazo, evidentemente. Esta economia beneficia ainda de uma forte organização fiscal e de um conjunto de regras sufocante.
A Alemanha tem nove países vizinhos, a saber: Dinamarca, Polónia, República Checa, Áustria, Suíça, França, Luxemburgo, Bélgica e Holanda.
Para esta economia de trabalho explorado mas com ordenados acima da média europeia contribui ainda uma Legislação Laboral dispersa por vários Diplomas, simplista e com poucos direitos, baseada na contratação individual e diferenciada entre trabalhadores da mesma Empresa. Resta mencionar a acomodação de alguns Sindicatos e Sindicalistas bem ao exemplo da Central Sindical UGT portuguesa. Só o Tribunal de Trabalho vai mantendo a sua imparcialidade e garantindo o cumprimento das Leis.
É evidente a ilusão de um mundo maravilha. Se é certo que os ordenados são superiores à média europeia, os trabalhadores alemães sofrem e lutam como em Portugal. Desde a chegada do Euro que o rendimento do Trabalho entrou num afunilamento, não só pelos valores de actualização salarial irrisórios como pelo aumento das despesas com a Saúde, a Educação e dos Transportes. O que anteriormente era gratuito na Assistência Médica passou a ser pago como é o caso dos pagamentos trimestrais nas consultas médicas e os não-pagamentos das Caixas de Previdência nos serviços de Medicina Dentária e de Oftalmologia, na diária dos internamentos hospitalares e nas deslocações em Ambulância. A Alemanha vive há muito sob direcção da “Troika”, disfarçadamente.
Com a inflação oficial entre 1 e 2% ao ano, o certo é que, nos últimos tempos, os preços dos bens alimentares e bebidas duplicaram, já para não falar nos preços escandalosos da Energia e dos Combustíveis.
Com este quadro de fundo e perante uma miserável oferta de aumentos do Patronato, os principais Sindicatos alemães estão a utilizar as “Greves da Aviso” nas negociações salariais. Para as perceber torna-se indispensável mencionar alguns pontos essenciais.
As “Greves de Aviso” dizem respeito a uma nova ronda anual de negociações sobre valores salariais que é practicamente negociada em separado das restantes questões laborais;
A Associação Sindical VER.di que representa cerca de dois milhões de trabalhadores sindicalizados centrado nos Serviços Públicos, Correios, Transportes, Comércio, Bancos e Seguradoras e o Sindicato IG Metall com dois milhões e duzentos mil sindicalizados, representando a Indústria Eletromecânica, Aço, Indústria Têxtil e Madeiras, são os Sindicatos mais representativos dos Trabalhadores na Alemanha.
Devido à forte implantação destas duas organizações, normalmente estas Greves de Aviso, a tempo parcial, não vão além de três ou quatro rondas, acabando por se chegar a um entendimento.
A Associação VER.di fez em Março uma destas Greves de Aviso e em Abril, por exemplo, concluiu as negociações nos Serviços Públicos com um aumento de 6,41%, faseado em três partes: 3,5% já em Março de 2012, 1,4% em Janeiro de 2013 e 1,4% em Agosto de 2013. Mas a luta continua para os Bancários e para os Funcionários da Deutsche Telekom, que já vão na quarta ronda de negociações e que a Associação VER.di quer ver concluídas no final de Maio.
O Sindicato IG Metall, com o argumento “…não estamos em dieta!” respondeu aos 3% que o Patronato se dispôs a aumentar os salários, com uma exigência mínima de 6,5%. Este Sindicato também já anunciou paralisações para os próximos dias se as negociações se mantiverem neste impasse.
Muito provavelmente no final de Maio os entendimentos serão encontrados e as “Greves de Aviso” terão produzido os seus efeitos. A divulgação destas greves nos meios de comunicação é uma excepção à regra. Salvo alguns casos mais mediáticos como o caso da General Motors em 2009, o encerramento da Nokia em Bochum em 2010 que colocou 3000 trabalhadores no desemprego, devido à sua deslocalização para a Roménia e a luta de seis meses, dos maquinistas pelo reconhecimento da sua profissão e estas “Greves de Aviso”, a luta dos trabalhadores raramente faz parte das grelhas noticiosas. Mas essa luta existe.
Um bom exemplo tem sido a luta por um Ordenado Mínimo de 8,50€ por hora de trabalho que o partido “Die Linke”, o SPD e os Sindicatos têm conseguido manter na agenda política. Esta luta já deu alguns frutos ao ter entrado em vigor em algumas áreas de actividade. A sua generalização ainda não se concretizou devido à forte oposição da CDU/CSU e do FDP.
Como um dos representantes da alta finança garantiu, há uma luta de classes sim, mas está na nossa mão não permitir que o Capital a ganhe. Não podemos desistir, nunca.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.