terça-feira, 3 de abril de 2012

Cientistas reclamam o seu lugar na luta pela segurança alimentar

O aumento dos períodos de estio e da temperatura provocaram perdas globais de 11,4 mil milhões de dólares em 2011, enquanto 12 milhões de hectares aptos para o cultivo são degradados a cada ano e práticas agropecuárias insustentáveis contribuem para a emissão de gases-estufa. Por Fabíola Ortiz/IPSNews.
Cientistas reclamam o seu lugar na luta pela segurança alimentar
O aumento dos períodos de estio e da temperatura provocaram perdas globais de 11,4 mil milhões de dólares em 2011, enquanto 12 milhões de hectares aptos para o cultivo são degradados a cada ano e práticas agropecuárias insustentáveis contribuem para a emissão de gases-estufa.
Da leitura destes dados contidos no relatório, divulgado na semana passada em Londres, por cientistas de 13 países, surgem as perguntas de como reverter esta faceta dramática da crise ambiental, como garantir à população o acesso aos alimentos de qualidade e mitigar os efeitos globais da mudança climática.
As estimativas gerais indicam que a população mundial chegará em 2050 a nove mil milhões de pessoas, por isso manter uma alimentação adequada coloca em dura prova a gestão dos países, especialmente dos principais produtores. Atualmente, são desperdiçadas no mundo aproximadamente 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos por ano, equivalentes a um terço do produzido para o consumo humano, afirma o estudo.
O desafio nas próximas décadas é coordenar os avanços científicos em favor da segurança alimentar, disse à IPS o especialista em clima Carlos Nobre, secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia. “A ciência é o grande foco de luz, é fundamental. A agricultura teve tornar-se mais resiliente e o desenvolvimento científico deve estar a favor da sustentabilidade social e da segurança alimentar”, defendeu.

Nobre integra a Comissão sobre Agricultura Sustentável e Mudança Climática, formada por cientistas de 13 países, que recomendou estratégias para alcançar a segurança alimentar em um documento divulgado dia 28 de Março na Conferência Planeta Sob Pressão 2012. Esse fórum, iniciado no dia 26, em Londres, analisa posturas a serem levadas à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), em junho, no Rio de Janeiro.
O relatório do grupo independente de cientistas propõe políticas específicas para o desafio global de alimentar o mundo na medida em que a população cresce, ao mesmo tempo em que aumentam a devastação dos ecossistemas e a pobreza. Após duas décadas da primeira Cúpula da Terra, os especialistas exortam os governos a assumirem compromissos financeiros para pesquisa, implantação e acompanhamento da produção agrícola e alimentar.
O maior crescimento populacional do mundo se verificará neste século nos países menos adiantados, indica o relatório da Comissão. A África, por exemplo duplicará sua população atual nesse período, até chegar aos dois bilhões em 2050, estimam os cientistas. As projeções, nesse contexto, destacam que a demanda mundial de cereais será 70% acima da atual em 2050, e muito mais nos países pobres.
“Nosso objetivo é integrar a segurança alimentar e a agricultura sustentável às políticas nacionais e globais. Caso se consiga isto, será uma mudança de paradigma”, destacou Nobre, para quem a ciência pode estar a serviço do desenvolvimento de uma agricultura mais resiliente às variações do clima. “Já vivemos ondas de calor devido ao aquecimento global. No futuro teremos estas variações climáticas ainda mais prolongadas, e são fatores que promovem grandes perdas nas colheitas. Por isso, é necessário adaptar a agricultura para que sobreviva a essas mudanças, que têm períodos mais longos de estiagem”, explicou Nobre.
A Comissão sobre Agricultura Sustentável e Mudança Climática faz recomendações concretas para garantir a segurança alimentar global. Além de integrar uma agricultura sustentável às políticas nacionais, será necessário elevar significativamente os níveis de investimentos globais na produção de alimentos na próxima década. Um dos desafios é intensificar a produção agrícola sem que sejam emitidos mais gases-estufa e sem causar mais danos ambientais, afirmam os cientistas.
“Isso é o que temos que fazer no Brasil, por exemplo, sem expandir a fronteira agrícola em detrimento da selva”, afirmou Nobre. Para ele, o Brasil é o país que tem o maior stock no mundo de terras aptas para a agricultura. Atualmente mais de dois milhões de quilômetros quadrados são destinados à produção agropecuária. “O Brasil pode ser um dos líderes nesta nova prioridade para a agricultura sustentável”, opinou, explicando que devem ser maximizados fatores como a segurança alimentar com alto valor nutricional, já que os produtos de baixa qualidade causam problemas de saúde.
A Comissão afirma em seu trabalho que a quantidade de pessoas que sofrem fome crônica no mundo foi de um bilhão em 2010, ano em que outros 925 milhões estavam desnutridos e, em contraposição, 1,5 mil milhões de adultos tinham sobrepeso. Uma das medidas recomendadas pela Comissão é também reduzir o impacto sobre o meio ambiente e a biodiversidade, o uso da água e o clima. A agricultura absorve 70% da água limpa e doce procedente de rios e aquíferos e já passa a competir com a demanda industrial e o uso doméstico.
Nobre garante que 1,4 mil milhões de pessoas vivem com menos de 1,25 dólares por dia e dois mil milhões habitam áreas secas. Também ressaltou que existem 4,9 mil milhões de hectares de terras cultiváveis no mundo, dos quais 3,7 mil milhões são para produzir cereais e para a pecuária.


Artigo de Fabíola OrtizEnvolverde/IPSNews.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.