sexta-feira, 27 de abril de 2012


Argentina: Senado dá luz verde à expropriação da YPF

O Senado argentino aprovou o projeto de expropriação de 51% das ações da petrolífera YPF. Com amplo consenso, a iniciativa foi apoiada pela base do governo e pela maioria da oposição, por 63 votos a favor, 3 contra e 4 abstenções. Por Francisco Luque, de Buenos Aires para a Carta Maior.
Maioria da oposição votou a favor da exporpiação. Foto de blmurch
Após 14 horas de debates, o Senado argentino aprovou o projeto de expropriação de 51% das ações da petrolífera YPF. Com amplo consenso, a iniciativa foi apoiada pela base do governo e pela maioria da oposição, por 63 votos a favor, 3 contra e 4 abstenções.
O documento oficial enviado pelo Executivo declara “sujeito a expropriação 51% do património da YPF Sociedade Anónima representado por igual percentagem das ações Classe D da empresa pertencentes à Repsol YPF S.A., seus controladores ou controlados de forma direta ou indireta”. Além da expropriação, o projeto de lei encaminhado ao Congresso declara “de interesse público nacional” a autossuficiência de hidrocarbonetos e as suas atividades conexas, incluída a industrialização, “a fim de garantir o desenvolvimento económico com equidade social, a criação de emprego e o incremento da competitividade dos diversos setores económicos” (art.1º). A expropriação das ações da Repsol também inclui a YPF Gas, a maior distribuidora de gás liquefeito engarrafado da Argentina.
A extensa jornada de debates terminou de madrugada. O kirchnerismo argumentou que a expropriação da YPF devolve a Argentina “a soberania sobre os seus hidrocarbonetos”. A oposição respondeu criticando a política energética do governo e advertiu para a necessidade de garantir uma boa gestão da petrolífera. Os senadores de oposição lembraram a defesa da privatização nos anos 90 impulsionada pelo ex-presidente Carlos Menem – ausente na sessão – por parte de alguns personagens atuais do kirchnerismo.
O senador e ex-chefe de gabinete do Governo, Aníbal Fernández foi o encarregado de defender a mudança de postura do peronismo. Explicou que o processo de privatização da YPF iniciou em 1992, quando, impulsionado pelo Partido Justicialista, se votou a transformação de uma empresa estatal numa empresa privada com maioria de capital nacional. Aquele projeto definia, como hoje, 51% para o Estado nacional, 39% para as províncias e 10% para os trabalhadores.
Segundo explicou Fernández, a lei sancionada em 1995 foi a que liquidou finalmente a empresa. Permitiu-se a venda da “ação de ouro”, que mantinha em mãos do Estado o controle da companhia e eliminou-se o mínimo de 20% que deveria permanecer nas mãos da nação. Dessa forma venderam-se as ações para a Repsol. “Naquele momento tinha-se instalado o neoliberalismo em nível internacional, com base no super-endividamento e na exploração petrolífera como commodities”, assinalou Fernández, que também criticou aqueles que criticaram o processo de expropriação como o escritor Mario Vargas Llosa, o presidente do México, Felipe Claderón, e o da Espanha, Mariano Rajoy.
Entre as vozes mais críticas, destacou-se a de María Eugenia Estenssoro, da Coligação Cívica, filha de José Estenssoro, ex-presidente da YPF e formulador do “Plano de Transformação Global” da empresa, que decidiu abster-se após alertar contra um modelo de “hiperconcentração da riqueza e do poder” e lembrar que Kirchner apoiou “energicamente” a privatização petrolífera em 1992.
Do lado do governo, os senadores criticaram com dureza a gestão da Repsol. O senador Daniel Filmus disse que a aprovação da iniciativa marca “uma mudança de padrão de desenvolvimento, soberania e modelo de Estado”.
Marcelo Fuentes, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais do Senado, indicou que a expropriação da YPF é um ato “derivado de uma consequente e imperiosa necessidade de concretizar em matéria energética a reversão fundamental de paradigmas que caracterizaram o neoliberalismo”.
O presidente do bloco radical, o principal partido de oposição, Luis Naidenoff, apoiou a proposta do governo, mas foi contundente a respeito dos motivos que precipitaram a decisão do governo de assumir o controle da YPF: “avançou-se com o projeto porque o caixa não está fechando”. “Foi a conjuntura energética asfixiante que motivou o governo a iniciar esse debate”, acrescentou o senador radical referindo-se aos 14 mil milhões de dólares que a Argentina gastará este ano na importação de gás e petróleo.
Mario Cimadevilla, também radical, pediu uma revisão das concessões petrolíferas e lembrou que em sua província, Chubut, a maior produtora de petróleo do país, e apesar do conflito entre Buenos Aires e Londres pela soberania das Malvinas, a britânica British Petroleum (BP) explora a jazida mais importante da Argentina como sócia da Panamerican Energy (PAE).
Apesar dos seus fortes questionamentos ao projeto, o radicalismo resolveu organicamente acompanhar no geral a iniciativa e apresentar ao mesmo tempo um projeto alternativo para o tratamento particular do tema. O senador Gerardo Morales sustentou que “não é a melhor ferramenta, mas estamos aqui para votar a favor por mais que alguns integrantes do meu partido estejam a fazer movimentos com a ajuda de algumas pessoas de fora. Parece que alguns meios de comunicação não entendem o papel da UCR. Votamos pelos ex-presidentes radicais Yrigoyen, Alvear, Mosconi, Illia e Raúl Alfonsin. Não estamos a votar um projeto que nos é imposto pelo PJ (Partido Justicialista), estamos a votar pela história da UCR”, afirmou.
O socialista Rubén Giustiniani pediu a incorporação das províncias não petrolíferas no grupo acionista da nova YPF, já que dos 51% expropriados da Repsol, 51% ficarão em mãos da Nação e os 49% restantes das províncias petrolíferas.
Cabe assinalar que o fio condutor da maioria dos discursos no debate de quarta-feira foi a má gestão da Repsol. Neste sentido, a empresa espanhola desenhou um plano comunicacional que consiste em publicar notas na imprensa negando as acusações de ter implementado uma política de dividendos “predadora”. O projeto agora será tratado pelos deputados que pretendiam dar o seu parecer ainda nesta quinta-feira, contando assim com os sete dias de prazo necessários para o tratamento do tema em plenário no próximo dia 3 de maio. Neste dia, a lei pode ser promulgada e entrar imediatamente em vigor.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.