domingo, 27 de novembro de 2011

Mercados dizem aos espanhóis que os votos não contam

As bolsas espanhola e europeias não revelaram qualquer satisfação especial com a vitória da direita e, em termos de dívidas soberanas, o dia seguinte às eleições foi negro para Espanha.
A coligação Amaiur ficou apenas a três mil votos de ser o partido mais votado no País Basco e Navarra. Foto da amaiurinfo
A direita espanhola ganhou as eleições com maioria absoluta, mas não convenceu os mercados, os atuais juízes absolutos dos comportamentos políticos. Estes responderam aos resultados transformando a dívida soberana de Espanha na de pior comportamento entre as que revelam maiores riscos logo na manhã seguinte à consulta eleitoral. Os socialistas afundaram-se, como se esperava, perdendo 59 deputados. A Esquerda Unida registou um grande resultado, subindo de dois para 11 deputados e a Esquerda Abertzale, através da coligação de nacionalistas e independentes Amaiur, tornou-se a maior força política basca com representação no Parlamento de Madrid.
Dentro do sistema governante espanhol não se registaram surpresas nas eleições. O Partido Popular de Mariano Rajoy conseguiu a maioria absoluta, conquistou mais 32 deputados do que na legislatura anterior e chegou aos 44,6 por cento, que correspondem a quase quatro milhões de votos de vantagem sobre os socialistas.
O PSOE de Perez Rubalcaba, que sucede ao demissionário presidente do Governo José Luiz Zapatero, perdeu 59 deputados, obteve 28,73 por cento e promete “reflectir” agora sobre o seu futuro para enfrentar a “travessia do deserto”. Com a dívida soberana espanhola à beira do resgate, austeridade em crescendo, economia quase estagnada, mais de 22 por cento de desemprego – que entre os jovens chega quase aos 45 por cento – o PSOE deixou na sociedade espanhola as suas marcas decorrentes da gestão económica neoliberal.
A Esquerda Unida, que integra o Partido Comunista de Espanha, subiu dois para 11 deputados, praticamente triplicou os seus votos e ficou à beira dos sete por cento. O seu eleitorado foi reforçado nestas eleições com muitos cidadãos espanhóis de esquerda cansados da política dos socialistas.
No plano nacional, surgiu uma nova realidade partidária, porém muito longe de alcançar o pretendido objetivo de quebrar o bipartidarismo do PP e PSOE. A União para o Progresso e a Democracia, que se apresenta como social democrata e pretende maior reforço do Estado central em detrimento das autonomias, subiu de um para cinco deputados, atingindo 4,69 por cento. Uma votação conquistada através de franjas desiludidas do PSOE e sectores de direita que não se revêem no pós-franquismo que o PP não abandonou apesar da troca de Aznar por Rajoy.
Os dados políticos mais significativos, e que testarão a relação entre a capacidade de negociação e o autoritarismo do novo governo, surgiram de Comunidades Autonómicas, sobretudo do País Basco, devendo, neste caso, ser avaliados em conjunto com Navarra..
A coligação Amauir, representando a Esquerda Abertzale através da formação de um bloco eleitoral entre a Bildu e o Aralar, conquistou sete deputados em Madrid e tornou-se o partido da região basca com maior representação no Congresso nacional, ultrapassando o Partido Nacionalista Basco. Os resultados confirmam a tendência já registada nas eleições regionais de Maio, em que a Bildu foi a coligação com mais eleitos.
A coligação Amaiur ficou apenas a três mil votos de ser o partido mais votado no País Basco e Navarra, superado apenas pelo PP que, ficando em quarto lugar no País Basco, manteve o seu bastião forte em Navarra. A Esquerda Abertzale deixou os nacionalistas conservadores do Partido Nacionalista Basco a dez mil votos e com menos dois deputados (7-5) no conjunto das duas regiões.
Uma viragem que não pode ser ignorada em qualquer circunstância porque foi obtida pouco depois de a ETA ter renunciado às armas. A questão basca entra decididamente no plano apenas político e as tendências manifestadas pelos cidadãos bascos estão em cima da mesa e não deixam margens para muitas dúvidas.
Estas questões passaram, logo segunda-feira de manhã, ao lado dos mercados, preocupados com outros números. As bolsas espanhola e europeias não revelaram qualquer satisfação especial com a vitória da direita e, noutra vertente, em termos de dívidas soberanas, o dia foi negro para Espanha.
Numa primeira reação aos resultados eleitorais, a dívida espanhola trepou mais um pouco em direção à zona vermelha dos 500 pontos do prémio de risco – relação entre os títulos espanhóis e alemães – colocando-se praticamente a par da italiana, que saiu ao de leve dessa zona. Os 500 pontos assinalam a marca teórica a partir da qual as dívidas dos países caem nas garras dos resgates e nas mãos da troika.
Entre o governo moribundo de Zapatero, na sexta-feira, e as promessas governamentais de Rajoy, na segunda-feira, a dívida espanhola subiu 27 pontos nessa escala, para 467, a de pior comportamento relativo entre as que estão “sob suspeita”. A italiana, com o “efeito Monti”, saiu dos 500 para os 485. Os juros da dívida espanhola atingiram um máximo histórico de 6,5 por cento. Os resultados não são mais graves porque, contra vontade, o Banco Central Europeu continua a intervir nas dívidas espanhola e italiana.
Segundo os analistas que multiplicaram comentários desde segunda-feira muito cedo, a mensagem dada pelos mercados à direita espanhola é a de que “deve saber ouvi-los”, pelo que o governo a formar, pesem embora todas as promessas de dinamização económica e combate ao desemprego, deve ter em conta as “experiências tecnocráticas” em curso em Itália e na Grécia. Neste quadro a perspetiva dos espanhóis é a mesma de antes das eleições: agravamento da austeridade, estagnação ou mesmo recessão e ainda mais desemprego.
Publicado no site do Grupo Parlamentar europeu do Bloco de Esquerda

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.