sábado, 14 de maio de 2011

Grécia: a verdadeira agenda por trás da notícia da Der Spiegel

A notícia da revista alemão Der Spiegel de que "Atenas considera retirar-se da zona euro" não é exactamente falsa – apenas económica com a verdade. Por Yanis Varoufakis. [*]
Grécia: a verdadeira agenda por trás da notícia da Der Spiegel
Os juros da dívida grega ascendem a 25,029 por cento, tendo já tocado o máximo histórico de 25,254 por cento, isto um ano depois da “ajuda” europeia e do FMI. Esta taxa representa um máximo desde que foi criada a Zona Euro.
Sim, poucas semanas ou meses atrás o governo grego encomendou (como devia) vários estudos secretos das repercussões de vários cenários envolvendo diferentes formas de reestruturação da dívida, incluindo um cenário desesperado com a hipótese de uma improvável saída da zona euro. A questão real é: por que a Der Spiegel optou por isolar este cenário e centrar-se sobre ele muito embora os seus jornalistas soubessem muito bem que a Grécia nunca proporá uma saída real do euro?
É minha opinião meditada que a Der Spiegel, após consulta prévia com certos círculos dentro do governo alemão (em particular o Ministério das Finanças), estava a tentar enviar uma mensagem – não só à chanceler alemã como também ao primeiro-ministro grego. Qual é esta mensagem? Que há coisas muito piores do que uma reestruturação da dívida, sendo a pior um desmantelamento passo-a-passo do euro que principiará quando um país como a Grécia é forçado a uma situação impossível. E que continuar a viver em negação, e espalhar mentiras flagrantes acerca da sustentabilidade do rumo actual, não será mais tolerado.
Negação 
Vamos começar com a citação do dia da versão online da Der Spiegel:
“Os problemas económicos da Grécia são maciços, com protestos contra o governo efectuados quase diariamente. Agora o primeiro-ministro George Papandreu aparentemente sente que não tem outra opção: SPIEGEL ONLINE obteve informação de fontes do governo alemão conhecedoras da situação em Atenas indicando que o governo Papandreu está a considerar o abandono do euro e a reintrodução da sua própria divisa.
Alarmada pelas intenções de Atenas, a Comissão Europeia convocou uma reunião de crise no Luxemburgo na sexta-feira à noite. A reunião está a ter lugar no Château de Senningen, um local utilizado pelo governo do Luxemburgo para reuniões oficiais. Além da possível saída da Grécia da união monetária, uma reestruturação rápida da dívida do país também faz parte da agenda.”
Que o governo grego esteja a consider uma saída heróica da zona euro é falso: se bem que a saída é um dos muitos cenários que estudou, este nunca foi um dos que contemplasse seguir. Contudo, o governo grego pode negar a notícia da Spiegel até o dia de são nunca mas ninguém o acreditará. É o preço a pagar por não ter prestado atenção à moral da [fábula] O rapaz que gritava lobo. Pior ainda, ao acusar, bastante implausivelmente, a Der Spiegel de passar manteiga no pão dos especuladores, o grego está a sacrificar, em vão, os últimos restos de credibilidade que tem. Triste, muito triste. Pois toda a gente sabe que a Der Spiegel tem peixes muito maiores para fritar do que prestar-se aos jogos dos especuladores. Na verdade, a Der Spiegel faz parte da rede institucional da autoridade e poder político da Alemanha. Assim, porque haveria uma tal instituição de ser económica com a verdade desta maneira e neste momento?
A mensagem
O artigo da Spiegel foi pretendido como um disparo que disparasse campainhas de alarme muito retardadas. Tencionava criar uma pequena tempestade de pânico como meio de recordar à Sra. Merkel que a crise até agora é semelhante a um chá da tarde em comparação com o que se seguirá se ela continuar a viver em mentiras.
Quem enviou esta mensagem? A Der Spiegel nunca actuaria por si mesma, sem coordenação com poderosos círculos políticos alemães. Minhas fontes contam-me que estes círculos estão localizados principalmente dentro do Ministério das Finanças e, em menor medida, em um ou dois dos maiores bancos da Alemanha. Em associação com a Der Spiegel eles têm estado a enviar mensagens enfadonhas com linhas semelhantes desde há algum tempo, nomeadamente que a dívida grega não é sustentável sob a presente composição política (ver relato do FT Alphaville daquela série de mensagens enviadas utilizando a Der Spiegel como seu principal transmissor).
Tendo perdido a paciência, uma vez que os seus sinais foram amplamente ignorados, pessoas do Ministério das Finanças alemão decidiram recorrer às armas grandes do sinal de ontem. Eles tomaram uma verdade parcial (de que o primeiro-ministro grego examinou os custos potenciais de uma saída grega do euro), ampliaram-na ao omitir a menção a todos os outros cenários que foram considerados e, pronto, foi desencadeada uma pequena tempestade sobre a liderança da Europa. Tudo o que fizeram então foi observar o pânico efectuar o seu milagre. Qual milagre? Concentrar as mentes da Sra. Merkel, do Sr. Papandreu e de ministros variados na importância de viver, pelo menos dessa vez, com verdade.
Mais precisamente, a mensagem enviada pelo artigo incendiário da Der Spiegel era que a política de novos empréstimos caros a estados insolventes, combinada com austeridade selvagem num tempo de recessão profunda, não funciona e não funcionará. Que chegou o tempo da reestruturação da dívida para periferia sob tensão da zona euro, assim como o tempo para uma resolução racional da crise bancária da Europa. Para conduzir ao seu argumento, os círculos dentro da Alemanha que perceberam que a Spiegel publicou este artigo vivamente esclarecedor, em benefício da Sra. Merkel e do Sr. Papandreu, perceberam também que há algo muito, muito pior do que uma reestruturação da dívida: o começo de uma eliminação sucessiva de países da zona euro que provocará níveis impressionantes de especulação nos mercados monetários quanto ao que vem a seguir e quando.
Ao causar um moderado pânico prematuro nesta linha, eles enviaram a mensagem rematada de que o tempo das mentiras está ultrapassado, de que mais liquidez para estados insolventes e bancos em bancarrota tornarão as coisas piores, de que é tempo de ter na Europa o debate que devíamos ter tido há mais de um ano atrás.
A ideia central 
Há um ano atrás a Grécia estava falida e foi induzida a um programa estilo FMI cujo rigor foi agravado pela condição do país como membro de uma união monetária que efectivamente excluía, por definição, a desvalorização (e todos os efeitos estabilizadores automáticos decorrentes). As múltiplas crises que se verificaram dentro do sector estatal, da economia real e do sector bancário foram "obstruídas" com o lançamento de mais empréstimos caros dentro destes sectores insolventes.
O artigo da Spiegel marca um ponto de viragem: Alguns poderosos decisores políticos alemães parecem não mais estarem dispostos a continuar nesse beco sem saída. Sem dúvida escolheram um meio estranho de declarar a sua decisão. Contudo, apesar da maneira covarde como tornaram pública a sua nova convicção, um novo capítulo está a começar para a Europa. Ele não será necessariamente bem escrito ou nos fará felizes ao lê-lo. Mas pelo menos abre a perspectiva de uma fuga a uma mentira sombria que proporcionou miséria em massa e que é a garantia de submergir a ideia de uma Europa Unida num mar de discórdia, xenofobia e rancor generalizado.
[*] Professor de Teoria Económica e Director do Departamento de Política Económica da Faculdade de Ciências Económicas da Universidade de Atenas. Seus livros incluem: The Global Minotaur: The True Origins of the Financial Crisis and the Future of the World Economy (Zed Books, 2011); (com S. Hargreaves-Heap) Game Theory: A Critical Text (Routledge, 2004); Foundations of Economics: A Beginner's Companion (Routledge, 1998); e Rational Conflict (Blackwell Publishers, 1991).

Artigo publicado em Monthly Review Zine, traduzido por Resistir.info.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.