terça-feira, 29 de março de 2011

Nuclear: por que devem as pessoas arriscar as suas vidas?

Se as companhias de seguro se negam a arriscar o seu dinheiro assegurando a indústria nuclear, por que se deve obrigar as pessoas a arriscarem as suas vidas?, questiona neste artigo Dietrich Fischer, director académico da World Peace Academy.
Alguns defensores da energia nuclear afirmam há tempos que um acidente grave numa central atómica é tão provável quanto um meteorito se chocar com o planeta. Em 1975, a indústria nuclear pediu ao físico norte-americano Norman Rasmussen que fizesse um relatório para tranquilizar o público. Segundo o estudo, a probabilidade de ocorrer uma fusão completa do núcleo de um reactor era de uma em 20 mil por reactor por ano.
A realidade mostrou que essa é uma flagrante subestimação. Os três acidentes nucleares mais conhecidos e graves foram, em 1979, em Three Mile Island, nos Estados Unidos; em 1986, em Chernobyl, na Ucrânia, e agora em Fukushima, no Japão. Entretanto, houve muitos outros acidentes e fusões parciais de núcleos de reactores que liberaram radioactividade.
Um estudo encomendando pelo Greenpeace concluiu que o acidente de Chernobyl pode ter causado 200 mil mortes apenas na Bielorússia, Rússia e Ucrânia, entre 1990 e 2004. Os reactores de Fukushima I têm cerca de 30 vezes mais material radioactivo do que o de Chernobyl e, além disso, o Japão tem uma densidade populacional maior do que a Ucrânia.
Ainda que não houvesse acidentes, não existe até agora solução para armazenar com segurança os dejectos radioactivos. Um dos subprodutos, o Plutónio 239, tem uma vida média de 24.100 anos. Isso significa que passados 24.100 anos a intensidade da radioactividade que emite diminui apenas 50%. Serão necessários 241.100 anos para a radiação cair para um factor de mil, considerado um nível seguro.
Como podemos garantir que os nossos descendentes não serão expostos aos perigos desses dejectos durante dez mil gerações? O princípio da precaução visa evitar o pior resultado possível de qualquer decisão. Isso implica que deveríamos desmantelar todas as centrais nucleares.
Existem alternativas para esta fonte de energia? Naturalmente que há meios seguros de produzir electricidade com vento, sol, ondas e a força do mar, que não contribuem para o efeito estufa, como ocorre quando se queima combustíveis de origem fóssil. O projecto Desertec tem por objectivo gerar electricidade nos desertos mediante reactores solares e eólicos, para transmiti-las aos centros de consumo.
A primeira região onde será aplica é Oriente Médio, África do Norte (Mena) e Europa. Painéis solares e parques eólicos espalhados por 17 mil quilómetros quadrados (0,2% do Deserto do Saara) poderiam abastecer uma parte considerável da demanda eléctrica do Mena e 15% da europeia.
Por que se utiliza a energia nuclear apesar de todos os perigos que apresenta? Porque é muito lucrativa para uns poucos à custa da segurança das demais pessoas. O serviço eléctrico fornecido por uma central atómica pode ser cortado se os usuários não pagarem as suas contas, mas a energia do Sol, colectada nos telhados das casas, não se corta e dá mais independência às pessoas. O lobby nuclear não quer que isto aconteça.
A democracia exige que os afectados possam tomar decisões e que os eleitores sejam completamente e verdadeiramente informados. Ao público mente-se sobre a segurança da energia nuclear e, em muitos casos, não é permitido que se participe da tomada de decisões. Isto deve mudar. Todas as companhias de seguro se recusam, até agora, a cobrir acidentes nucleares porque não querem investir com base em alguns cálculos de certos cientistas que asseguram que o risco é baixo, e insistem em basear os seus cálculos de risco na experiência real.
Como as seguradoras se negam a cobrir os acidentes nucleares, uma lei norte-americana, a Price-Anderson, de 1957, atribuiu essa cobertura ao governo federal. Outros países têm leis semelhantes. Isto constitui um enorme subsídio dos contribuintes para a indústria nuclear. Se o sector fosse obrigado por lei a proporcionar cobertura contra acidentes e a custear a eliminação segura dos seus dejectos, não teríamos mais reactores eléctricos nucleares.
É verdade que a energia solar hoje é mais cara do que a nuclear. Mas isso deve-se, em parte, ao subsídio que se dá à electricidade nuclear e à escassa pesquisa de fontes alternativas. Se uma fracção dos fundos de pesquisa em energia nuclear fosse dedicada a fontes seguras, como o vento e o sol, provavelmente, já teríamos alternativas mais baratas.
Se as companhias de seguro, especialistas em estimar os perigos de acidentes, não desejam arriscar o seu dinheiro, por que se deve obrigar as pessoas a arriscarem as suas vidas?
Dietrich Fischer é director académico da World Peace Academy, director da Transcend University Press e autor de Nonmilitary Aspects of Security (Aspectos não Militares da Segurança) e Preventing War in the Nuclear Age (Prevenção da Guerra na Era Nuclear). Direitos exclusivos IPS.
28/03/2011 - 10h03, (Envolverde/Terramérica)
Artigo produzido para o Terramérica, projecto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.