domingo, 27 de fevereiro de 2011

O ataque dos clones

Um lóbi pró-organismos geneticamente modificados (OGM) lançou um relatório onde se congratula pela expansão da área cultivada com transgénicos em 14 milhões de hectares no último ano, o segundo maior aumento de sempre.
O sector da “comida Frankenstein” recentemente gritou vitória de novo. O Serviço Internacional pela Aquisição de Aplicações Agro-biotecnológicas (ISAAA), um lóbi pró-organismos geneticamente modificados (OGM) financiado por empresas como a Monsanto e a Bayer e instituições como o governo dos EUA e a UNESCO1, lançou um relatório onde se congratula pela expansão da área cultivada com transgénicos em 14 milhões de hectares no último ano, o segundo maior aumento de sempre.
O país campeão do cultivo de OGM continua a ser os EUA, com 66,8 milhões de hectares. Segue-se o Brasil e a Argentina, os países para onde a produção de soja transgénica destinada à alimentação de gado está a ser deslocalizada. A lista dos maiores produtores inclui ainda a Índia, o Canadá, a China, o Paraguai, o Paquistão, a África do Sul e o Uruguai. A União Europeia, por seu lado, tem-se destacado como uma resistente à invasão dos OGM, graças à acção de movimentos ecologistas, de consumidores e de agricultores, tendo registado um declínio na área cultivada.
Dados os riscos dos OGM para a saúde, para a sustentabilidade do sector agrícola e para o ambiente, esta é uma má notícia. Vejamos por partes quais são estes riscos.
No que toca à saúde, os defensores dos transgénicos defendem a sua inocuidade para a saúde humana afirmando que não há estudo que comprove o contrário. Mas este argumento inverte o ónus da prova. Na realidade, é aos fabricantes dos OGM que compete demonstrar que estes produtos não causam qualquer risco para a saúde humana. Mas estes estudos não são feitos e ainda hoje escasseiam estudos independentes que permitam averiguar quais os perigos para a saúde do consumo de transgénicos, o que implica que os consumidores destes produtos estão a ser usados como cobaias.
Os riscos para a sustentabilidade do sector agrícola do cultivo de OGM advém da dependência que criam em relação ao fornecedor de sementes. As sementes transgénicas são mais caras que as convencionais, são patenteadas (ou seja, são propriedade de uma empresa), e não podem ser replantadas. Isto significa que os agricultores que optem por cultivar transgénicos são forçados a comprar todos os anos sementes à mesma empresa, conjuntamente com os pesticidas e herbicidas produzidos pela mesma empresa, desaparecendo o hábito milenar de armazenar parte das sementes para semear no ano seguinte.
Este “inconveniente” seria supostamente ultrapassável pela superior produtividade das sementes geneticamente modificadas. O principal argumento para a expansão dos OGM foi, aliás, a sua futura contribuição para a luta contra a fome. Mas a realidade desmente esta promessa, já que os dados disponíveis têm demonstrado que a produtividade da agricultura tende a a não ser mais elevada e até a ser mais baixa quando se cultivam OGM2. Há dois motivos para isto acontecer. O primeiro consiste no facto de o processo de transgénese (introdução de um gene estranho no organismo em causa) diminuir as resistências da planta face ao stress provocado por oscilações no clima, pragas ou deficiências nutritivas. O segundo tem a ver com o atraso temporal inerente ao processo de transgénese. O desenvolvimento de um novo OGM pode demorar vários anos e entretanto podem surgir variedades convencionais mais produtivas.
O maior risco para a agricultura, contudo, consiste na possibilidade de contaminação das culturas por polinização cruzada. Apesar de o cultivo de transgénicos ser limitado por distâncias de segurança mínimas em relação às outras culturas, o facto de que é possível os pólenes viajarem dezenas de quilómetros torna esta medida ineficaz. O risco de contaminação é tal que é praticamente impossível para um agricultor assegurar que os seus produtos serão certificados como isentos de OGM quando o seu cultivo se encontra na vizinhança de cultivos transgénicos. Para a agricultura biológica este é um sério problema, já que a contaminação de uma plantação pode levar à ruína um agricultor que tenha optado por este modo de produção, na medida em que será incapaz de escoar a sua produção pelos canais habituais. Nos EUA a contaminação das sementes atingiu tal proporção que tornou impossível a aquisição de sementes biológicas não importadas.
Sendo a coexistência entre cultivos transgénicos e tradicionais impossível, torna-se um absurdo defender que o Estado não deve intervir na escolha do cultivo pelos agricultores. Teoricamente, o problema poderia ser resolvido nos tribunais: os agricultores que enfrentassem prejuízos económicos por a sua produção ter sido contaminada com OGM poderiam processar as empresas que os comercializam. Mas o que tem acontecido é exactamente o oposto. A Monsanto chega ao ponto de contratar detectives privados para invadir campos de cultivo à procura de indícios dos seus OGM. Caso encontrem sinais de contaminação, processam o agricultor atingido por utilizar a sua patente sem autorização.
Finalmente, há que referir os riscos do cultivo de OGM para o ambiente. A ideia de que os OGM ajudariam a reduzir o uso de pesticidas e herbicidas foi já desmentida pela evidência, na medida em que a utilização destes químicos nos campos cultivados com OGM é semelhante, se não superior, à que se regista nos campos cultivados com sementes convencionais. A excepção são as plantas em que se inseriu um gene de um pesticida mas nestes casos a vantagem é apenas ilusória, já que é a própria planta que liberta o químico em causa. Por outro lado, a introdução de OGM no meio ambiente pelo seu cultivo cria o sério problema de difusão de espécies exóticas e invasoras. Espécies de plantas geneticamente modificadas ou híbridas podem espalhar-se na natureza, competindo com as espécies tradicionais. É inclusivamente possível que espécies de plantas sejam extintas devido à competição das plantas OGM.
Considerando estes riscos, vemos como os transgénicos são apenas mais um exemplo de uma nova tecnologia cujos benefícios apenas existem na mente de quem a vende e cujos custos são suportados pela sociedade. Para termos um sector agrícola capaz de alimentar o mundo sem o envenenar, temos de romper com o modo de produção intensivo, causador de poluição de solos e cursos de água e de variados problemas de saúde, e investir em modos de produção ecológicos, como a agricultura biológica ou a permacultura. Esta opção não implicará a negação do progresso, já que todos os dias são desenvolvidas novas técnicas e novos produtos que permitem aumentar a produtividade da agricultura biológica sem contaminar o meio ambiente. A negação do progresso, pelo contrário, é insistir num modelo de produção ultrapassado.
2 A demonstração é dada no relatório de 2008 do International Assessment of Agricultural Knowledge, Science and Technology for Development , um painel intergovernamental formado por quatrocentos cientistas e representantes da sociedade civil e de instituições internacionais como o Banco Mundial, a FAO e a OMS, que durante quatro anos elaborou a mais completa análise do estado da agricultura no mundo que hoje dispomos. As conclusões do painel são claras: os transgénicos no seu objectivo de oferecer uma maior produtividade ou de reduzir o uso de pesticidas e herbicidas e os governos devem privilegiar o investimento na agricultura ecológica de pequena escala. Ver http://www.i-sis.org.uk/GMFreeOrganicAgriculture.php

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.