domingo, 19 de dezembro de 2010

Viva a WikiLeaks! Sicko não foi proibido em Cuba

A WikiLeaks fez esta sexta-feira uma coisa incrível: lançou um telegrama secreto do Departamento de Estado que trata, em parte, de mim e do meu filme Sicko, em Cuba. Por Michael Moore.
Viva a WikiLeaks! Sicko não foi proibido em Cuba
Ao contrário do que diz o telegrama divulgado, enviado para o Departamento de Estado norte-americano, o filme de Michael Moore "Sicko" passou em Cuba e os cubanos apreciaram-no.
É espantoso olhar a natureza orwelliana dos burocratas do Estado, que torcem mentiras e tentam recriar a realidade (presumo que para agradar a seus chefes e dizer-lhes o que eles querem ouvir).
A data é 31 de Janeiro de 2008. Poucos dias depois deSicko ser indicado ao Óscar de Melhor Documentário. Isso deve ter deixado alguém furioso no Departamento de Estado de Bush (o seu Departamento do Tesouro já me tinha notificado de que investigava as leis que porventura quebrei ao levar três socorristas do 11/09 a Cuba para receberem os cuidados de saúde que lhes foram negados nos Estados Unidos).
Wendell Potter, ex-executivo de seguradora de saúde, revelou recentemente que essa indústria – a qual decidiu gastar milhões para me perseguir e, se necessário, "empurrar Michael Moore de um penhasco abaixo" – trabalhou com anti-castristas cubanos em Miami para difamar meu filme.
Assim, a 31 de Janeiro de 2008 um funcionário do Departamento de Estado em Havana inventou uma história e enviou-a à sede em Washington. Vejam o que eles inventaram:
(...) afirmou que as autoridades cubanas proibiram o documentário de Michael Moore, Sicko, por ser subversivo. Embora a intenção do filme seja desacreditar o sistema de saúde dos EUA, destacando a excelência do sistema cubano, disse que o regime sabe que o filme é um mito e não quer arriscar uma reacção popular, mostrando aos cubanos facilidades que claramente não estão disponíveis para a grande maioria deles.
Soa convincente, hein? Há apenas um problema: Sicko tinha acabado de passar em cinemas cubanos. E a nação inteira de Cuba viu o filme na televisão nacional no dia 25 de Abril de 2008! Os cubanos abraçaram tanto o filme que se tornou uma das raras fitas americanas distribuídas nos cinemas de Cuba. Eu, pessoalmente, garanto que uma cópia de 35 mm ficou com o Instituto de Cinema de Havana. Houve sessões de Sicko em cidades de todo o país.
Mas o telegrama secreto disse que os cubanos foram proibidos de ver o meu filme. Humm...
Sabemos também de outro documento secreto dos EUA dizendo que “o desencanto das massas [em Cuba] se espalhou por todas as províncias”, e que “toda a província de Oriente está fervendo de ódio” pelo regime de Castro. Há uma rebelião subterrânea enorme, e “trabalhadores dão todo o apoio que podem”, todos envolvidos na “sabotagem subtil” contra o governo. O ambiente é horrível em todos os ramos das Forças Armadas e, em caso de guerra, o exército “não vai lutar”. Uau! Este telegrama é quente!
Naturalmente, este telegrama secreto dos EUA é de 31 de Março de 1961, três semanas antes de Cuba nos dar um pontapé para fora da Baía dos Porcos.
O governo dos EUA tem passado estes documentos "secretos" a si mesmo nos últimos 50 anos, explicando ao mínimo detalhe como as coisas estão horríveis em Cuba e como os cubanos estão discretamente ansiosos pela nossa volta para assumir o controlo. Não sei por que escrevemos estes telegramas, imagino que apenas nos façam sentir melhores. (Qualquer curioso pode encontrar um museu inteiro de desejos esperançosos dos EUA no site do National Security Archive).
Então o que fazer com um telegrama “secreto” falso, especialmente um que nos envolva e o nosso filme? Bem, esperaria que um jornal competente investigasse a mensagem e gritasse a sua descoberta do alto do um telhado.
Mas a WikiLeaks enviou, esta sexta-feira, o telegrama sobre o caso Sicko em Cuba aos media – e o que eles fizeram com ele? Divulgaram como se fosse verdadeiro! Eis a manchete noGuardian: ”WikiLeaks: Cuba proibiu Sicko por mostrar sistema de saúde ‘místico’. As autoridades temeram que o lindo hospital mostrado no filme de Michael Moore, nomeado para o Óscar, provocasse a revolta popular”.
E nem uma centelha de investigação para ver se Cuba tinha realmente proibido o filme! De facto, exactamente o oposto. A imprensa de direita passou o dia a informar uma mentira (Andy Levy, da Fox– duas vezes–, Reason MagazineSpectator e Hot Air, mais uma série de blogues). Infelizmente, mesmo o BoingBoing e meus amigos do The Nation escreveram a respeito sem cepticismo.
Então nós temos a WikiLeaks, que se expôs para encontrar e divulgar esses telegramas à imprensa – e os jornalistas tradicionais mais uma vez têm preguiça de levantar um dedo e clicar no mouse para entrar no Nexis ou pesquisar na Google e ver se realmente Cuba “proibiu o filme”. Se ao menos UM repórter o fizesse teria encontrado:
16 junho de 2007 sábado 01:41 GMT [sete meses antes do telegrama falso]
TÍTULO: Ministro da Saúde cubano diz que Sicko, de Moore, mostra “valores humanos” do regime comunista
BYLINE: Por ANDREA RODRIGUEZ, da Associated Press
Dateline: HAVANA
O ministro da Saúde de Cuba, José Ramón Balaguer, afirmou hoje que Sicko, do documentarista americano Michael Moore, destaca os valores humanos do governo comunista da ilha (...) “Não pode haver nenhuma dúvida, este documentário de uma personalidade como o senhor Michael Moore ajuda a promover os princípios profundamente humanos da sociedade cubana”.

Ou que tal esta pequena notícia de 25 de Abril de 2008 do site CubaSi.Cu (tradução do Google): Sicko estreia em Cuba. 25/4/2008
O documentário Sicko, do cineasta Michael Moore, que trata do deplorável estado do sistema de saúde americano, será apresentado hoje às 17h30 na Mesa Redonda de Cubavisión e no Canal Educativo.

E tem este, da Juventudrebelde.cu (tradução do Google). Ou esta análise cubana (tradução do Google). Há até mesmo um longo fragmento de Sicko (o trecho sobre Cuba) na homepage do site Mesa-Redonda em CubaSi.cu website!
OK, então sabemos que os media são preguiçosos e falha a maior parte do tempo. Mas o maior problema aqui é que o nosso governo parecia ser conivente com a indústria de seguros de saúde para destruir um filme que poderia ter ajudado a trazer o que os cubanos já têm em seu país pobre de terceiro mundo: saúde pública universal e gratuita. Porque eles têm e nós não, Cuba apresenta uma taxa de mortalidade infantil menor do que a nossa, a sua expectativa de vida é apenas sete meses mais curta do que a nossa e, de acordo com a OMS, está apenas dois lugares atrás do país mais rico do planeta no ranking da qualidade dos serviços de saúde.
Essa é a matéria, grandes media e direitistas do ódio.
Agora que já foram apresentados aos factos, o que vão fazer sobre isto? Vão atacar-me por ter exibido o meu filme na televisão estatal cubana? Ou vão atacar-me por não ter exibido o meu filme na televisão estatal cubana? Têm de escolher uma hipótese, não podem ser ambas.
E como os factos mostram que o filme foi exibido na TV estatal e nos cinemas, acho que o melhor é atacarem-me porque o meu filme passou em Cuba.
Viva a WikiLeaks!

Artigo de Michael Moore publicado em OpenMike, traduzido por Marinilda Cavalho para Colectivo Vila Vudu/Rede Castorphoto.
 

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.