sábado, 24 de julho de 2010

Crítica da razão atendível

O jogo político deste início de Verão é o da revisão constitucional. E parece enfadonho porque exibe uma pseudo-evidência...
1- A razão política
Descubra as sete diferenças. O jogo político deste início de Verão é o da revisão constitucional. E parece enfadonho porque exibe uma pseudo-evidência, como quem utiliza questões óbvias para tentar levar alguém a telefonar para determinado número de valor acrescentado, num marketing pós-moderno/pimba.
As diferenças saltam à vista, mas no jogo do centrão interessa agora exagerar demarcação depois do período de indiferenciação na defesa das políticas de austeridade. Será assim o medo de parecer demasiado igual ao senhor a que pretende seguir-se, combinado com a tentação de deixar marca e com a vontade de mostrar o seu futuro governo como muito mais boss friendlyalguns dos móbiles que levam Passos Coelho a arriscar desbaratar parte do seu eleitorado. Do lado do PS, o jogo da demarcação é vivido como um balão de oxigénio que permite a Sócrates, aflito, marcar pontos à esquerda sem ter de se mexer.
Claro que, postas desta forma as diferenças, e como são precisos dois para dançar o tango, a proposta do PSD estaria condenada ao esquecimento. Só que a encenação das diferenças não faz com que o par se largue. Há uma atracção estranha no tango do centrão. A cada movimento segue-se uma resposta e a iniciativa conta. Este tango é uma dança de salão machista em que há competição para ver quem é o mandante e o seguidor. Se como já dissemos cada uma das deslocações do PS para a direita pisa os calos do PSD e leva-o a ir mais ainda para a direita, também uma súbita sacudidela à direita do PSD abre flanco ao PS para, para além das suas juras de amor à esquerda, endurecer o social-liberalismo.
2- A razão atendível
Portanto, para além da demarcação, a mera enunciação de uma proposta de revisão constitucional ultra-neo-liberal é já significativa. Agora anuncia-se claramente a destruição do sistema nacional de saúde e do sistema de ensino público em vez de se prenunciar o seu desmantelamento paulatino, abrindo neles cada vez mais pequenos buracos de negócio; pretende-se introduzir os despedimentos livres e a precarização abertamente na constituição em vez de inscrevê-los num lugar secundário que é o Código do Trabalho.
Com esta proposta, depois de invadir os meios académicos, os meios de comunicação social e mesmo as leis comuns, o new speach do neo-liberalismo pretende passar à conquista da dita lei fundamental. É um regresso à ideia de um pensamento único já que, apesar das denúncias, o discurso neo-liberal pretende-se neutro. Daí que o centro da actividade do Estado na proposta do PSD passe a ser "incentivar a actividade empresarial em geral e o investimento estrangeiro", o que contrasta com o papel de suposta ganga ideológica atribuída aos direitos sociais. Sabendo que o PS é permeável ao discurso das constituições supostamente neutras e relembrando a ideia de neutralidade prevalecente na letra do Tratado Constitucional Europeu, agora que o primeiro dos passos do tango da revisão foi dado, fica em aberto, depois do espalhafato da demarcação, em que medida achará o PS atendível a sobreposição desse pensamento único da “competitividade das empresas” aos direitos sociais.
E o símbolo extremado desta linguagem política inventada de modo a reescrever a realidade é a proposta de substituição na constituição da proibição de despedimentos sem justa causa pela proibição de despedimentos sem razão atendível. Com ele vem todo o discurso de culpabilização do pobre pela pobreza, do desempregado por não querer trabalhar e do trabalhador (o outro, não nós, claro) por não querer trabalhar o suficiente e estar tranquilo da vida na sua incompetência. O eufemismo para livre despedimento convive facilmente com as novas técnicas de gestão, com o discurso da formação profissional e da motivação, com um mundo sem trabalhadores/as e patrões/as, apenas com colaboradores/as e empresários/as, com o pensamento mágico que pretende que despedir e precarizar, aliás, desculpem, flexibilizar, criará empregos (de que tipo?) e riqueza (de quem?). A razão atendível dos interesses de quem manda é a regra deste sistema linguístico. A razão atendível é a lógica do lucro por cima dos direitos. A razão atendível é a lei da desrazão da exploração.
3- Lutar com justa causa
Como dizem os Precários Inflexíveis, do lado de quem trabalha a corda já não pode esticar mais. E não há razão atendível para que a corda sufoque os/as trabalhadores/as. É preciso assim a razão suficiente para desmascarar as línguas do poder e a força suficiente para derrubar as peças do jogo viciado. Lutamos com justa causa. E precisamos de colocar em causa todos/as os/as que se aproveitam da crise para despedir à vontade. Precisamos ter acesso às contas das empresas e conhecer o rasto dos lucros para perceber o que significa afinal a retórica da competitividade das empresas e do interesse nacional. Precisamos de voltar a afirmar os princípios da justiça social e proibir os despedimentos selvagens em empresas com lucros.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.